Quando a saúde nos falta !!!

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Gonçalo Fagundes Meira

Nada pior do que estar doente. Podemos ser fortes financeiramente, porque quando a doença nos bate à porta, com prognóstico reservado, passamos à condição de dependentes e alheamo-nos de tudo. Rogamos pela cura, se somos gente de fé, mas o caminho é o recurso à Medicina, mesmo que tenhamos que hipotecar os bens que há, já que nada pode ser mais deprimente e castigador do que a doença. Na página 18 desta edição, Adão Cruz, nosso regular colaborador, suficientemente conhecedor dos males da saúde e dos traumas que estes criam, porque médico de longa data e defensor do serviço público, na sua crónica, faz um retrato impiedoso do mal passar de quem tem a pouca sorte de ser doente. Trata-se de um texto merecedor de leitura atenta.

Para azar nosso, agora também a Saúde está doente, quando tal nunca deveria acontecer. Há muito ruído à volta da estrutura que trata de nós, em toda a sua multiplicidade. Não exageremos, mas há males que nos intranquilizam, porque se estar doente é temeroso, sentir a falta de assistência médica, devida e oportuna, só nos pode abreviar a morte, se ela está próxima.  O pânico não deve entrar nas nossas vidas, até porque, nessa condição, temos problemas agravados, mas temos que, serenamente, reconhecer que algo deve ser feito.

Não temos o Diabo à porta, como alguns teimam em afirmar, porque há toda uma estrutura de Saúde em Portugal, uma máquina poderosa, que não vai cair de repente. Mas é de todo conveniente que toda essa estrutura que cobre o país seja eficaz. É preciso restabelecer a paz em todos os espaços de saúde, a paz de que necessitam os doentes. É necessário muito diálogo, muita imaginação, e muita arte para que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) volte ao seu melhor, como um dos melhores do mundo, que tanto nos orgulhou.

Já sabemos que o SNS exige, cada vez mais, dinheiro e recursos, dado o envelhecimento da população de que todos somos parte. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2022, a despesa corrente em Saúde em Portugal teve um aumento de 6,3% face a 2021, com um gasto total de 25.417,7 milhões de euros, valor equivalente a 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB), quando era de 9,5% em 2019, ano pré-pandemia. Daí que seja de perguntar: de que estamos à espera e porque não adotamos as medidas necessárias há mais tempo, apesar de também reconhecermos que nos comportamos bem no período pandémico, mas sabendo que, daí, resultaram marcas profundas? Haja confiança, mas também muito trabalho e interação de todos, e com todos. 

GFM

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