Quanto a cornos… temos dito!

Manuel Quintas
Manuel Quintas

O Padre Pio de Petrielcina teve uma vida muito atribulada, devido às vivas chagas que tinha nos pés, nas mãos e no lado. Foi um sacrificado do amor, para não dizer um martirizado. Igual ao Jesus Vivo e Senhor da Cana Verde. Igual ao Senhor dos Aflitos da Ordem Terceira de São Francisco. Muitos médicos, com fé e sem ela, tentaram curar este frade. E o mesmo tentaram cirurgiões, psicólogos, psiquiatras, neurologistas e por aí adiante. O massacrado frade foi tema de reuniões, observações, sugestões e opiniões, mas todas elas sem conclusões. Mas veio um dia em que um menos experiente lente universitário exclamou: «Aquilo é psicológico. Ele que deixe de pensar nas chagas de Jesus Cristo e a cura acontecerá. E bastam trinta dias». Os lentes mais experimentados não ficaram convencidos mas a sessão chegou ao fim com a redação da ata onde se recomendava que uma cópia fosse entregue ao Superior do Convento para este transmitir e convencer o estigmatizado fradinho. E este, quando tal ouviu, igual a si mesmo, sem alteração de voz e até sem sequer pestanejar, respondeu assim: «Diga ao Senhor Doutor Universitário que pense trinta dias num boi a pastar e que se veja depois ao espelho para ver se tem dois cornos na testa».

Muito me agradou a resposta do humilde e sofredor capuchinho. É merecedora de palmas. Este santo frade, saído do meio do povo santo, do povo aprendeu a linguagem certa. O povo santo de Deus fala corrente e naturalmente, sem rebuscos adocicados ou frases com rebuçados. O povo de Deus evita tomar banho em pias de água-benta e evita também nadar em águas de hipocrisia. O povo assoa os bois pelos cornos e diz mesmo cornos e não chifres nem galhos nem muito menos palitos.

E aproveitando a boleia do capuchinho já canonizado, vamos ao que se segue:
Já dei os parabéns ao Padre Albino da Conceição Fernandes Fonseca pela sua recente nomeação, segundo os cânones normais do Direito Canónico, para Capelão da Confraria de Santa Luzia e Reitor do Santuário do Sagrado Coração de Jesus. Parabéns para ele e, já agora, também pela cozedura canónica porque um só confrade com o peso da paróquia, da presidência, da reitoria e da capelania além doutras mordomias e sensaborias que lhe estão atribuídas era carga a mais às costas de um só campeão. Sempre me fez lembrar o batizado do filho do senhor Sartavi de Bettencourt a quem o saudoso Padre Ribeiro da Fraga teve que responder: «Nesta terra de Lanheses, não se pratica ser pai, padrinho e avô do menino». E o batizado seguiu sem padrinho.

Parabéns à Diocese. Mas ainda espero dar mais parabéns a Santa Luzia quando lá estiver uma Mesa de Confraria constituída por leigos atentos, disponíveis, sacrificados e devotos, que existem como fruto precioso de quarenta anos de vida da nossa Diocese jovem e bela, missionária e acolhedora, LIVRE, fiel e rica de amor. A palavra LIVRE enche-me as medidas.

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