Quanto Vale a nossa Saúde Mental?

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Diríamos, com toda a certeza, que não tem preço. E neste ano de 2020, a luta para mantermos a nossa “sanidade mental” é diária. A pandemia Covid-19 obriga-nos a seguir um conjunto de normas para nos mantermos a “salvo” desta doença, mas coloca-nos em risco de desenvolver ou potenciar outros problemas. O distanciamento social, por si só, veio transformar as nossas rotinas e perturbar o nosso equilíbrio emocional.

No início do ano, no nosso país, mais de 2 milhões de pessoas sofriam de algum distúrbio relacionado com a Saúde Mental. E agora, como está a Saúde Mental dos portugueses? Depressão, ansiedade, demência, comportamentos aditivos, entre outros… A verdade é que os pedidos de consulta de psiquiatria e psicologia têm aumentado nos últimos meses, sendo o confinamento e a falta de emprego alguns dos motivos que levam as pessoas a recorrer a ajuda profissional. No dia 1 de abril foi criada uma linha de apoio psicológico que funciona 24 horas por dia (808 24 24 24) e que recebeu, até agora, 33 mil chamadas. E não só, os pedidos de ajuda pelo 112 também aumentaram!

No dia 10 de outubro comemora-se o Dia Mundial da Saúde Mental e é indispensável refletir sobre o assunto e trazê-lo para a agenda mediática. É um tema que nos diz respeito a todos. Devemos procurar estar bem para zelar pela nossa própria saúde e pela saúde dos que nos rodeiam, pais, filhos, avós, amigos, colegas de trabalho.

Em Portugal, do valor que o Orçamento de Estado atribui à saúde, 15% deveria ser investido na Saúde Mental, pois esta é a percentagem de impacto que esta área tem em termos de carga global das doenças no nosso país. Mas a realidade não é essa, pois o investimento ronda apenas os 5%. Estes dados são divulgados por Miguel Xavier, diretor do Programa Nacional de Saúde Mental, que continua a acreditar no apoio do Governo à reforma da Saúde Mental, pois esta está patente no Orçamento Geral do Estado para 2020 com um reforço de 180 milhões de euros para esta área.

Ao Governo compete assegurar o reforço dos recursos humanos, o alargamento da rede de Serviços Locais de Saúde Mental, o reforço da oferta de cuidados continuados integrados em saúde mental em todas as regiões de saúde, com 200 novas camas, a requalificação das unidades de psiquiatria forense, a aposta nos cuidados em regime de ambulatório e um novo modelo de intervenção comunitária com a constituição de 10 equipas comunitárias nas cinco regiões de saúde.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde a Saúde Mental é uma das áreas mais negligenciadas pela Saúde Pública e o contexto em que vivemos atualmente é uma oportunidade para investir e assumir um compromisso de melhoria nesta área.

Não podemos querer apenas remediar…É tempo de agir, é tempo de promover e prevenir! Em prol da Saúde Mental de todos!

Cátia Carvalheira e Helena Peres
Enfermeiras DPSM-ULSAM

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