Que saúde temos e queremos

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Gonçalo Fagundes Meira

Diz-se que a Saúde está na ordem do dia. A saúde jamais devia sair da agenda diária do Governo, e de todos em geral. A sua relevância na vida das pessoas e a interferência direta na vida económica e social do país obriga a que esteja na preocupação quotidiana, especialmente de quem exerce o poder. Há problemas com a saúde? Obviamente que há e vai continuar a haver. Com o amadurecimento das pessoas e o recurso mais frequente a cuidados médicos, o encarecimento dos serviços a prestar e muitas outras razões, a saúde vai ser um dos nossos maiores problemas do futuro, tal como acontecerá, particularmente, no continente europeu. 

Contudo, não vale a pena dizer que tudo está mal. Tanto afirmamos que temos um dos melhores SNS do mundo (e é verdade), como estamos a gritar que a saúde deste país é uma desgraça. Há problemas de gestão? Parece que ninguém bem informado disso tem dúvidas. Se, tal como consta do Observatório Português do Sistema de Saúde, foram admitidos 30 mil profissionais nos últimos seis anos, entre médicos, enfermeiros e assistentes operacionais, e se a produtividade baixou 25%, e o número de atos por profissional diminuiu de 400 para 300, só poderemos culpar a gestão, até porque a produtividade não se liga diretamente ao efetivo de pessoal. Um baixo coletivo de trabalhadores pode ter uma alta produtividade e, contrariamente, um mais alargado pode ter pior desempenho. 

O que parece é que ainda estamos longe da cultura e da gestão ideal da Saúde, especialmente por parte daqueles que em relação a ela têm mais responsabilidades. Julga-se pouco lógico o excesso de ruído que se gera à sua volta, porque este é o pior caminho para solucionar seja o que for. Paralelamente, fazer maus aproveitamentos políticos ou de qualquer outra ordem em crise de tanta delicadeza não ajuda a superar dificuldades e abona pouco quem o faz.  Por outro lado, as exclusões de quem pode contribuir para superar dificuldades só agravam problemas. E não pode ser esquecido que, sem prejuízo dos doentes, se deve pensar bem na economia de custos, para que nunca cheguemos à impossibilidade de garantir saúde a todos, em igualdade de circunstâncias. Com um país eventualmente doente e todos a gritar é que não vamos lá. 

PS. A entrevista dada a este jornal na semana passada por Lígia Sá, delegada de Saúde da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, é demonstrativa de como a Saúde, em especial na nossa região, está bem melhor do que se pensa. Deveria ser bem lida.

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