Radioterapia em Viana do Castelo: uma necessidade premente!

Defensor Moura
Defensor Moura

Há quarenta e dois anos que a Liga dos Amigos do Hospital luta pela humanização e melhoria da prestação dos cuidados hospitalares em Viana do Castelo. Inicialmente assumiu uma postura reivindicativa, para despertar os vianenses para o Direito à Saúde e pressionar os poderes instituídos para a urgente necessidade de abertura do novo Hospital, o que se conseguiu em pouco mais de dois anos. Simultaneamente, a Liga iniciou o apoio direto aos doentes através do Voluntariado, da promoção da dádiva de sangue em todo o distrito e da oferta de equipamentos, para conforto dos doentes e melhorar os instrumentos de intervenção dos profissionais hospitalares, atividades que tem desenvolvido há mais de quatro décadas com reconhecido sucesso, graças ao apoio regular de todos os amigos voluntários, dadores de sangue e beneméritos.

Nos últimos anos, os Amigos do Hospital têm dedicado atenção especial aos cuidados na oncologia, quer com ações de apoio direto aos doentes, quer oferecendo o Mamógrafo Digital para melhorar o diagnóstico do Cancro da Mama e, ultimamente, substituindo todas as cadeiras/camas articuladas e as da sala de espera do Hospital de Dia, onde dezenas de doentes com cancro fazem diariamente quimioterapia. Há, porém, uma queixa dos doentes e dos familiares que a Liga não pode resolver – a inexistência de Radioterapia em Viana do Castelo, obrigando os doentes a frequentes e dolorosas deslocações a Braga ou ao Porto.

Tenho bem viva a memória do sofrimento da minha Mãe, quando há setenta anos se deslocava ao Porto para fazer “rádio” e, apesar de atualmente as condições de transporte e do tratamento serem bem menos agressivas, chegam-me frequentemente queixas dos doentes e dos familiares sobre o acréscimo de sofrimento que as viagens provocam ao mal-estar próprio da doença e dos tratamentos. Há anos que questiono sobre a possibilidade de haver Radioterapia em Viana do Castelo e, invariavelmente, me respondem que o nosso distrito não tem população nem doentes suficientes para rentabilizar a instalação do serviço. Mas, hoje, essa desculpa já carece de fundamento!

Através de contacto com o responsável da Radioterapia no Hospital de Braga soube que o distrito de Viana do Castelo tem anualmente cerca de 400 novos doentes oncológicos, que precisam em média de 25 sessões por ano. 10 mil sessões por ano! 20 mil tormentosas viagens a que são obrigados os nossos doentes com cancro! É altura de dizer basta de sofrimento!

Segundo informações que também colhi, o rácio atual para instalação de equipamentos de Radioterapia é de 6 máquinas por milhão de habitantes e os nossos 250 mil habitantes requerem 2, que ainda poderão prestar tratamentos à população de Esposende e até da zona norte de Barcelos, aliviando o sobrecarregado Hospital de Braga, que já está a reencaminhar os nossos doentes para o Porto. 

A decisão da instalação da Radioterapia não depende do Hospital de Viana, cujo diretor me pareceu inquestionavelmente interessado em prestar mais esse serviço aos doentes vianenses, estando como sempre à mercê do centralismo nacional. Centralismo não só do Governo, mas dos lobbies que hoje em dia controlam a prestação dos cuidados especializados da Saúde, também na Radioterapia, independentemente dos interesses das regiões e dos padecimentos dos doentes. Só uma opinião pública informada e mais forte pode forçar essas decisões em favor da comodidade e bem-estar dos nossos concidadãos que carecem de radioterapia.

Os Amigos do Hospital levantam mais uma vez a bandeira reivindicativa!

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