Reflexão extemporânea entre dois copos

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Todos aqueles que já me leram sabem que eu considero o vinho como a melhor droga estimuladora da criatividade, moderado, claro está. Um copinho de tintol, ou mesmo de branco fresco, nos dias de verão, é uma bênção do céu, admitindo que existe Céu. 

Gostaria que nesta extemporânea reflexão coubesse tudo o que há de bom no mundo, mas infelizmente há mais de mau do que de bom, o suficiente para levar à extinção do ser humano, a espécie que, apesar de tão infinitesimal no Universo, mais tem envergonhado a natureza e mais tem dado cabo de tudo o que poderia criar o equilíbrio e a harmonia.

O vinho, como disse, é uma espécie de fio-de-prumo que equilibra o nosso pensamento. O pensamento é o resultado de triliões de neuro-transmissões, e não é grosseira metáfora dizer que o vinho é uma espécie de óleo que lubrifica os nossos canais neuronais. Quem quiser que acredite, quem não quiser acreditar que beba água. Sem pretender colidir com a maravilha, com a ética e a estética da existência, penso que um copinho permite chegar mais depressa à interface que eu considero como fronteira entre a condição antropológica e a condição universal do ser humano. Só aí, calmamente sentados em qualquer tosca pedra, poderemos olhar o infinito e sentirmo-nos capazes de reconhecer a merda que somos.

Adão Cruz

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