Salve-se a escola Pública e a Dignidade dos Profissionais da Educação em Portugal

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Temos assistido nos últimos tempos em Portugal a uma intensa greve dos professores da escola pública, a que se juntaram também os funcionários e outros auxiliares da educação. Diga-se que é uma greve mais do que justa, que só peca por tardia, já que que quer repor, não só o respeito, como a dignidade da educação no nosso país. Na realidade, já há muitos anos que os professores têm sido prejudicados em vários aspectos na sua nobre missão de educadores. Eu, como docente, felizmente já aposentado, sou testemunha disso mesmo. Desde a colocação longe de casa (e esta situação complica-se ainda mais quando no casal ambos são professores e têm filhos menores…), passando pelos baixos salários, a legislação que dificulta a progressão na carreira, o congelamento a que fomos sujeitos, o crescente excesso de burocracia nas escolas, até ao desprestígio da classe docente. O excesso de burocracia na classe docente é terrível e “massacra” cada vez mais os professores, para além da injustiça nos processos de avaliação e progressão na carreira dos docentes e não docentes. 

A educação pública é fundamental num Estado democrático. Para isso temos que criar condições para que os docentes possam ensinar como lhes compete, e os auxiliares educativos tenham ordenados compatíveis com o crescente aumento do custo de vida. Rejeitamos visceralmente a” municipalização” da educação no nosso país (sabemos o que isso representa…); a não contagem integral do tempo de serviço, e o acesso ao 5º e 7º escalão com quotas, muito problemáticas. Conheço colegas que estão há muitos anos no mesmo escalão e sem grande hipótese de progredirem e muito menos de chegarem ao topo da carreira e isto desmotiva os professores.

Novas manifestações nacionais estão já marcadas. A bem da Escola Pública, esperamos que o Ministério da Educação e os sindicatos cheguem, em breve, a um acordo justo, para bem dos professores, dos profissionais da educação (que têm salários extremamente baixos, diria miseráveis…) e, sobretudo, para o bem dos nossos alunos. Deus queira que esse indispensável entendimento (sem politiquices à mistura…) chegue depressa e satisfatoriamente, para bem de todos nós e da nossa querida Pátria. 

Como professor de História, gosto de tomar o exemplo do Japão, país que eu muito admiro. No Japão os únicos que não fazem vénias ao Imperador, são os professores, pelo contrário o Imperador é que se curva, excecionalmente, quando se cruza com um professor. Dizem eles: “é que sem professores, não havia médicos, advogados e outras profissões úteis à nação e ao povo, em particular”. Escolhamos os bons exemplos. 

A.Pimenta De Castro

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