“Samiguel de Cabaços” Ponte de Lima

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A Aurora do Lima

antídoto para a solidão

Num tempo em que o diálogo é esmagado pela solidão, mesmo dentro de casa, nas festas do “Samiguel de Cabaços” propomos a salutar convivência! 

Não é que sejam negativos e prejudiciais, mas tantos são os motivos que nos levam a estar isolados de tudo e todos: os trabalhos que colocam um em cada lado e os filhos nas escolas; em casa um televisor na cozinha que não deixa as conversas fluírem durante as refeições; um dos elementos da família que está no televisor da sala, outro no quarto, outro na internet do escritório, outro a terminar o projecto que iniciou no trabalho… e todos nos telemóveis!

O ritmo descontrolado na vida familiar, tantas vezes, gera e desenvolve sintomas e realidades gravíssimas de solidão, onde os esposos não têm diálogo entre si, vivem ao lado dos filhos e esquecem os seus pais e parentes próximos. Não basta criar condições de bem-estar material com casas luxuosas, equipamentos sofisticados, concessão dos últimos gritos e modelos nas variadas linhas de oferta consumista. As pessoas mergulhadas na abundância de bens materiais podem viver na mais profunda solidão gerada pela frieza das jóias e dinheiro. Quantos pais inebriados em dar objectos, os mais caros, cedendo a todos os caprichos das crianças, adolescentes e jovens, seus filhos. Esta mentalidade consumista e solitária gera autênticos “monstros” de egoísmo, que, amanhã, vão viver o drama da solidão por incapacidade psicológica de se darem e partilharem. 

A Sociedade de hoje não atribui grande valor ao egoísmo desenfreado e ao individualismo sem limites, como características de uma competitividade sem regras. As pessoas, nascem, crescem, lutam e vivem num clima estruturalmente gerador de solidão e é urgente inverter a sua marcha. Não depende apenas dos outros. Cabe a cada um reconhecer a intercomunicação radical que a todos une e a vida separa, e aceitar que ser Homem ou Mulher implica necessariamente ser, estar e viver com os outros. Só assim há verdadeira humanização e se rompem as barreiras da solidão.

É uma preocupação constante da Paróquia de S. Miguel de Cabaços que os seus cristãos não sejam submetidos a este flagelo da solidão, que ao ser humano é contra-natura. É necessário criar “espaços de humanização”, onde o ser humano se sinta cada vez mais humano, porque relacional. Esta foi a ideia que presidiu à instituição da “Betânia Paroquial”. Os momentos de diálogo são necessários. 

Nesta altura do ano a população de Cabaços é convidada a reunir-se e a trabalhar, convivendo, partilhando vidas com a alegria própria da festa da colheita: cantando e rindo, dando graças e bendizendo a hora difícil da sementeira: vale a pena viver assim em comunidade, porque unidos e envolvidos somos mais fortes! Na altura do “Samiguel de Cabaços”

a gente fala, 

canta, 

trabalha 

constrói…

Os participantes nos vários actos das festas em Cabaços crescem enquanto pessoas, porque praticam de um modo mais intenso aquilo que o ser humano é: relação – com os outros e com O Totalmente outro.

P. Paulo Emanuel,
Pároco de S. Miguel de Cabaços

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