Muitas vezes, quando estou na Póvoa do Varzim, vejo passar peregrinos que se dirigem para Santiago de Compostela.
Alguns são idosos, outros bastante jovens – quase adolescentes – que caminham aos pares ou isoladamente, levando, em regra, a tradicional vieira.
Admiro a coragem dessas gentes – quase todos estrangeiros – que se aventuram a percorrer caminhos quase desertos, expondo-se à intempérie, aos salteadores e às frias nortadas, por lugares ermos e perigosos.
O governo da Galiza, a bem da sua terra, tem realizado convincente propaganda, difundindo e reavivando os antigos caminhos que levam à catedral do Santo.
Certa ocasião, estando na esplanada de um bar em A–Ver–o–Mar, ouvi a conversa do proprietário com um desses peregrinos que vinha pedir a colocação de carimbo da firma, garantindo, assim, que passou por ali.
Admirei-me que os “peregrinos” estejam interessados em tais carimbos!…
Admirei-me, mas rapidamente me informaram estar na moda, e até é chique fazer tais “peregrinações.”
Soube, também, por jovens, que alguns fazem o percurso de carro, atravessando apenas as povoações a pé.
Onde chega o snobismo, a vaidade ou a ânsia de ser importante! Como se isso tivesse valor!…
Bem diferentes são os peregrinos de Fátima, que caminham em grupo, rezando e cantando, palmilhando por atalhos e estradas, chegando muitos ao Santuário em lamentável estado de saúde.
São devotos de Nossa Senhora. Não colhem carimbos, nem se hospedam em hotéis; não comem em restaurantes elegantes, nem intercalam etapas de carro e a pé.
Uns vão a Compostela para fazerem turismo, por estar na moda…
Outros vão a Fátima para cumprir promessas e pedir Graças.