No último sábado, milhares de portugueses, maioritariamente jovens, manifestaram-se em mais de 20 cidades contra a falta de habitação acessível.
O propósito de promoção do arrendamento acessível e de outras medidas do atual programa “Mais Habitação” já remonta a 2015, mas três anos depois, ainda não tinha passado de mero propósito. E, em 2020, as promessas de defesa do “direito à habitação”, de incentivo a “habitação acessível para arrendamento” e de relançamento da “política de habitação social” continuavam por cumprir.
No último quartel do século passado, era popular associar o nível de crescimento económico ao número de guindastes que se viam no horizonte das vilas e cidades, particularmente dos guindastes para a construção de novas habitações. E, na verdade, há correlação entre eles, por o guindaste significar investimento e este ser gerador de crescimento económico. No século XXI, o número de guindastes no horizonte tem sido pequeno e, hoje, em Viana, tirando os da zona portuária e dos estaleiros navais, conta-se pelos dedos das mãos.
Nos últimos anos, o nível de investimento em Portugal com a habitação tem sido dos mais baixos da União Europeia – pouco mais de metade do de países como a Alemanha, a Finlândia e a França. E a este baixo nível de investimento se deve a reduzida oferta de habitação no País, de que decorre a escassez de alojamentos para arrendar e a subida das rendas e do preço de compra das casas.
O Governo deveria ter concretizado, em tempo devido, políticas estruturais de habitação, para que não chegássemos a esta triste situação de urgente necessidade de medidas paliativas, destinadas a remediar os males do nosso mercado habitacional.
Em Viana, a estratégia municipal parece passar, sobretudo, pela reabilitação dos bairros sociais já existentes, o que melhorará a qualidade da habitação nesses bairros, mas não aumentará a oferta de alojamento para as outras famílias que dela carecem. E sem mais guindastes no horizonte do concelho, para construção de habitação nova – privada, pública/municipal e cooperativa – não haverá “habitação para todos”.