Completados seis anos de mandato, tal como está estabelecido na Constituição, por proposta do Governo e com o aval do Presidente da República, Joana Marques Vidal abandona o cargo de Procuradora Geral da República e é substituída no mesmo por Lucília Gago, a trabalhar já há anos na Procuradoria.
Cumprida a lei, ingenuamente, seria legitimo pensar que este facto não devia constituir motivo de controvérsia partidária.
Erro crasso: toda a direita se manifestou indignada por a ainda atual PGR não ter sido premiada com um segundo mandato.
Sendo um cargo que exige um total apartidarismo de quem o desempenha, afigura-se-me que essa mesma direita, ao manifestar tal indignação, pura e simplesmente demonstra considerar Joana Marques Vidal como alguém afeto à sua área!
Sem pretender aderir a tal conclusão, os seis anos do “reinado” da ainda PGR não merecem de modo algum um vinte pelo desempenho.
Para começar, o “segredo de justiça” foi constantemente violado sem, que se saiba, qualquer penalização aplicada aos infratores, apesar dos resultados terem sido largamente utilizados por alguma comunicação social.
Por outro lado, a quantidade de processos arquivados foi, aparentemente, inflacionada, enquanto outros se encontram ainda em fase de instrução, com os prazos legais largamente ultrapassados graças a adiamentos sucessivos, alegando motivos diversos para justificar tais atrasos.
Curiosa a reação inflamada de Passos Coelho, aparentando considerar-se pessoalmente atingido pelo sucedido…
(Foto: “Correio da Manhã”)