O sofrimento é inexplicável. Não dá para perceber. Mas, mesmo que seja inexplicável e imperceptível à nossa inteligência, se descobrirmos como lidar com ele, não deixará de ser problema, mas, seguramente, deixará de ser um grande problema. É por demais claro que, sendo obrigatório lidar com ele, é necessário aprender a lidar. Eu, o filho da Tia Luzia de Lanheses, sem me arvorar em mestre, ofereço a minha ajuda simples: ou lidamos bem com o sofrimento ou lidamos mal. Se lidarmos bem, muito bem; se lidarmos mal, muito mal. Então o melhor é lidar bem, aproveitando a boa escola da vida que não ensina tudo mas, usando bem a frescura da cabeça, leva-nos à escola do Mestre que assim ensinou: «Vinde a mim todos vós que andais sobrecarregados e Eu vos aliviarei». Este Mestre Divino não matando o sofrimento e não tirando a cruz a ninguém, ensina-nos e ajuda-nos a lidar com ela, inspirando a nossa confiança mística nestas seguras palavras: «Confia filho. Eu venci». É como quem diz que «tu comigo também vencerás». Isso mesmo. Garantidinho. NELE está a nossa segurança. É por isso que a Escritura nos previne: Maldito o homem que põe no homem a sua confiança. Esse sairá defraudado, muito desiludido e sentir-se-á pior do que estragado.
Quanto a mim, rezo e canto com toda a segurança e sem medo de ser enganado: Eu confio em Nosso Senhor com fé esperança e amor. É que, foi com ELE que aprendi que, muito maior do que o aguilhão da dor, é o carinho reconfortante do Seu amor; muito superior à dor é a bendita palavra do meu Senhor escutada com todo o amor no cimo do Monte de Santa Luzia: Coração Santo, Tu reinarás; Tu nosso encanto sempre serás.
Lá nesse cimo, havia uma imagem preciosa do Coração Santo, que exigiu muitas noites de vigília ao Padre António Martins Carneiro. Este santo varão rezou muito e escreveu muitas cartas de noite, para custear as obras do Santuário e do seu Patrono. A empregada do quarto dele, a Ti ‘Ana do Hospital da Misericórdia, interpelava-o, asperamente, quando, de manhã, encontrava a cama sem ser usada. A resposta era sempre a mesma: «Ó Ana, a minha vida é o Sagrado Coração de Jesus».
Pois é… Mas a imagem do Coração de Jesus foi-se. Isso mesmo: FOI-SE.
O pai da diocese de Viana do Castelo, Rev. Dr. Arieiro, insistiu comigo para que eu me envolvesse no processo de canonização do dito santo Padre; mas eu, após intervenção cirúrgica de vida ou morte ao coração, a residir depois no local do trabalho e com fieis sempre à porta e ao ferrolho, percebi depressa que esta farinha não era para meter no meu saco. Mas a imagem sim. Aquela imagem ajudou muitas almas.
Mas porque manda quem manda, até que aconteça a desanda, nada de cara à banda. Confia filho. Eu venci.