Sobre os restaurantes de Viana

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Modéstia à parte, sei cozinhar. A prática diária, os Masters Chef e algumas viagens pelo mundo têm-me ajudado a melhorar os meus pratos. Por isso, quando vou comer fora, espero que os profissionais cozinhem melhor do que eu. E espero também ser bem tratado. Infelizmente, nem sempre tal sucede.

Em Viana do Castelo, o nível da restauração melhorou bastante nos últimos anos. Não apenas na qualidade dos menus e da carta dos vinhos, mas também no conforto dos espaços e no mobiliário. A iluminação nocturna – excessiva e sem critério – continua a ser um ponto fraco, sendo escassos os restaurantes que oferecem o ambiente intimista que proporciona a serenidade e o recato que muitos clientes procuram. A luz deve incidir nos pratos e não nos olhos dos clientes. Um restaurante não é uma loja. Mas pode ser fascinante como um quadro de Caravaggio, com zonas de luz e sombra. Nesse aspecto, o restaurante do FeelViana deu um passo em frente ao colocar pequenos candeeiros nas mesas ao mesmo tempo que diminuiu a luz no tecto. Oxalá outros lhe sigam o exemplo.

Quanto à qualidade da comida, o restaurante que mais me surpreendeu foi o da Casa Melo Alvim, pois a chefe, com a sua haute cuisinne, mostrou que está muito acima do meu nível. Na gastronomia tradicional, destacam-se o Covas – excelente na qualidadepreço -, o Manel – os melhores rojões de Viana -, o Camelo – que espero que continue a servir o melhor cabrito do mundo, e o Quatro Colunas – onde nada falha. Quanto a grelhados, a Churrasqueira São Jorge não tem rival, além de servir a melhor picanha de Viana.

O que não parece ter melhorado, de Viana a Moledo, é o atendimento aos clientes e a capacidade de ouvir críticas. Numa pesquisa pelo Tripadvisor comprovei isso mesmo. Por exemplo, num dos mais afamados restaurantes de Viana, a Tasca da Linda, os responsáveis reagem mal às críticas de alguns clientes e tentam desacreditá-los. Erro crasso que só afugenta quem ler aquelas respostas. Quando se paga para comer, esperamos ser bem tratados. Mas quando se paga mais de 40 Euros por pessoa, esperamos ser tratados como príncipes. Como tal, a menos que o cliente tente pegar fogo ao restaurante, manda o profissionalismo que se agradeça a crítica, se apresente desculpas e se prometa melhorar. E nem mais uma palavra.

Para terminar com um elogio, foi isso mesmo que me aconteceu no Bota D’Água. Num prato com diversos mariscos, visualmente apelativo e delicioso, havia um arroz que destoava da qualidade geral. Fi-lo saber ao dono. E este, com uma expressão genuína, procedeu como um verdadeiro profissional. Não insinuou que eu era um ignorante, nem discutiu; lamentou o sucedido e agradeceu o reparo. Obviamente, ganhou um cliente.

João Cerqueira

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