No contexto do presente quadro temporal estamos no universo do Dia dos Namorados, valorizando São Valentim.
Esta efeméride nasceu, primeiramente, na Inglaterra. Passou, depois, para a França e mais tarde para os Estados Unidos, para, agora, a tradição ser seguida em quase todo o mundo.
Quem foi, então, São Valentim? Como nasceu este costume? Existem versões diferentes. A que parece fazer mais sentido é a afirmação de que Valentim foi um padre italiano, que se tornou mártir. Viveu em Roma, no século III, tendo falecido por volta do ano 270 da era actual. Foi um sacerdote cristão da época de Cláudio II, imperador romano, que mostrou dotes de vigoroso general, mas que teve um predomínio muito curto, entre 268 a 270, da nossa época, devido a ter-se finado com peste. Este imperador desejava criar um grande exército. No entanto, sentia dificuldades no recrutamento de homens, porque não se dispunham a abandonar as suas mulheres, os seus lares e as suas namoradas. Terá, por essa razão, proibido o casamento dos jovens. É aqui que entra a personagem chamada Valentim. Revoltou-se com a medida e casou, em segredo, muitos namorados, até ser descoberto, preso e torturado, para ser decapitado em 14 de Fevereiro.
Existe outra narrativa fantasiosa, baseada na tradição pagã. Consistia na celebração de um festival, a 15 de Fevereiro, na Roma Antiga, que coincidia com o aproximar da Primavera e o início da época do acasalamento das aves. Os festejos eram, também, dedicados à Deusa do Amor-Juno – divindade latina, ainda identificada como Deusa dos fenómenos celestes e do casamento. Em vasos eram colocados pedaços de papel com nomes de raparigas. Os moços tiravam, cada um, o seu papel e essa seria a sua namorada durante as festas, que alguns faziam durar o requesteio para além do acontecimento.
Refere a primeira tradição popular que enquanto Valentim esteve numa masmorra era visitado pela filha de um dos guardas e conversavam, longamente, construindo amizade. No dia da morte deixou-lhe um bilhete que dizia “do teu Valentim”.
Namorar com seriedade é ter uma relação sentimental baseada no amor, travando sentimentos de galanteio com alguém. Nos tempos passados existia o namoro de janela, mais chamado o namorar de gargarejo, que
se processava da rua, para a janela, a varanda ou o terraço. Faz lembrar a lenda de Romeu e Julieta, baseada numa das mais admiráveis e comoventes tragédias da autoria do maior poeta dramático da Inglaterra, William Shakspeare, cujo entrecho foi extraído de uma novela de Luigi da Porto, tudo referenciado nas enciclopédias.
Actualmente, este dia serve para momento apelativo aos gastos na moderna sociedade consumista. Publicita-se, incitando, entre namorados, às mais variadas ofertas, tornando-se num evento bastante desejado para os comerciantes, agora frustrados perante o cenário pandémico.
Poderá ter cabimento, aqui, por extensão, focar a “Ala dos Namorados”. Trata-se de uma companhia de jovens fidalgos, que se formou para auxiliar D. João I na defesa de Portugal contra Castela. Cobriu-se de glória na Batalha de Aljubarrota e as suas “valentinas”, para os casados e solteiros, tiveram o maior sucesso na arte de influência entre o amor e o dever patriótico.
Nota: Esta crónica, por vontade do autor, não segue a regra do novo acordo ortográfico.