Suprema loucura

A. Lobo de Carvalho
A. Lobo de Carvalho

Sempre que se aproximam actos eleitorais, a opinião pública é poluída pela demagogia e pelos maiores disparates de alguns dos partidos políticos, que, na tentativa de atraírem os votos, prometem tudo, mesmo que possa ferir indelevelmente a dignidade humana. Se é um facto que no xadrez político existem partidos confiáveis, também é certo que existem os que estão possuídos pela estultícia, com lugar cativo para a idiotice.

É importante que estejamos esclarecidos, para que não nos enganemos na hora de votar, já que do nosso voto depende o futuro do país e não pode haver lugar a aventuras.

A suprema loucura conhecida, até à data em que escrevo estas linhas, tem a ver com a promessa da criação de uma secretaria de estado e de um serviço nacional de saúde para cães e gatos! E de quem haveria de provir esta idiotice? Só poderia ser do partido dos animais, conhecido pela sigla PAN, sem ideologia política que se veja, mas que anda agora de peito cheio, como se fosse um partido indispensável à democracia! Penso que não faz falta nenhuma, porque todos os outros partidos têm preocupações com o meio ambiente e porque a terra, os animais e a natureza são pertença de todos. De resto, para dar assistência aos animais, o Estado e as autarquias já possuem órgãos próprios.

Se esta gente, que parece não conhecer o limite das fronteiras entre o humano e o irracional, tem a liberdade de insultar e desrespeitar os eleitores e o povo português, equiparando os cães, porcos, gatos, etc., às pessoas, também me sinto no direito e na obrigação de usar a minha liberdade de pensamento e expressão para estigmatizar este PAN, porque não posso aceitar que se queira sobrepor ou mesmo igualar os animais aos humanos. Por mais que se goste de animais, e é salutar que se goste, a verdade é que os animais terão sempre a condição de animais, como tal devendo ser tratados, e as pessoas serão sempre pessoas, mesmo que a condição social e mental de algumas esteja degradada. Mas este PAN ainda não está satisfeito e, algum dia, tentará impor que os restaurantes disponham também de mesas para cães, porcos e gatos, em igualdade com os humanos, com direito a talheres, copos, toalhas e guardanapos de tecido, já que agora neles podem entrar. Este país está a ficar tão fino e tão influenciado por uma certa classe de lunáticos da zoologia, que acabará por colapsar com tantos e estranhos modernismos.

Ora quando são conhecidos por todos os cidadãos os gravíssimos problemas que envolvem o Serviço Nacional de Saúde, desde a falta de médicos(as), enfermeiras(os), pessoal auxiliar, até aos medicamentos, instalações degradadas, falta de equipamentos, atrasos nas consultas, filas de espera de anos para cirurgias, etc., etc., pergunto como é possível perpassar pelas cabeças dos porta-vozes dos animais a criação de uma secretaria de estado e um serviço nacional de saúde para a bicharada?

Não será isto um gravíssimo insulto aos cidadãos e a suprema loucura desta gente? Não visará reduzir o povo português abaixo de cão? Vamos aceitar que indivíduos completamente afastados da realidade nacional se queiram aproveitar dos impostos que pagamos para satisfazer caprichos e vaidades completamente descabidas para ficarem na história?

Compreendo e defendo que os animais sejam sempre bem tratados, assim como medicados nas doenças, mas isso tem de continuar a ser da responsabilidade exclusiva dos seus donos e nunca com o recurso ao erário público. Os donos dos animais já estão preparados financeiramente para estas ocorrências, ou, de outro modo, não os teriam nem se veria tantos alimentos para animais a serem vendidos nos supermercados. Acho bem que quem os possua os trate devidamente e seja responsabilizado se o não fizer.

Espero bem que os cidadãos manifestem bom-senso na hora de votar, não se deixando adormecer por promessas descabidas e profundamente desrespeitadoras da dignidade humana, e que tanto o novo governo, como os deputados que forem eleitos, não permitam que a Razão seja ultrapassada por ideias estúpidas e descabidas que uns quantos pseudo-iluminados cospem, poluindo a sociedade!

Foto: Expresso

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