TALISMÃ

Fernando Castro e Sousa
Fernando Castro e Sousa

A política está em nós.

Nas nossas palavras, nos nossos gestos, nas nossas decisões.

O que quer dizer que, por vontade própria ou sem ela, todos somos de alguma forma políticos.

Não políticos de carreira, dos que desde cedo se preparam para o exercício do poder e se empenham em atingir os cargos que lhe dão acesso. E lhes possibilitam alcançá-lo.

No conceito de Aristóteles a política “é o meio para alcançar a felicidade dos cidadãos”. Seremos certamente contestatários de Aristóteles. Muitos de nós, preferimos concluir que a política é, na realidade, a ciência através da qual as sociedades se estruturam. O seu funcionamento se assegura e a sua administração se gere.

Isso sim. Há situações, como a que estamos a enfrentar, em que os políticos são postos à prova, mais do seria suposto. Chamados a tomar decisões terríveis. E se não resultarem minimamente ficam com a corda ao pescoço.  Se resultarem, dificilmente colherão concordâncias, pois haverá sempre detratores a pô-las em causa.

As estratégias adotadas pelos responsáveis portugueses, coadjuvados por fiáveis competências, têm merecido, de observadores insuspeitos, um amplo apreço. O que vai solidificando em nós a convicção, de que, nesta calamidade estamos a ser seguros e inteligentemente bem conduzidos.

É de enaltecer que, sem deixarem de manifestar as suas pontuais discordâncias, os partidos da oposição que, pela sua longevidade, poderemos considerar tradicionais (acrescentando-lhes o PAN), têm mostrado compreensão das especiais contingências e evitado criar perturbações no desenvolvimento das ações de combate.

Um tanto ao invés, os três pequenos partidos que nas últimas legislativas conseguiram chegar à Assembleia da República, exibem tremelicantes (sic) inseguranças de pensamento. Aliás, não se lhes têm assinalado comportamentos, de que logrem transportar para a democracia portuguesa contributos que a fortaleçam, nem práticas que os diferenciem plausivelmente.

Então o que se esfarrapa por dar mais nas vistas, fá-lo sem um pingo de ética comportamental. E sempre em intervenções afanosamente destrutivas, denotando ansiedades disturbas para dar nas vistas a qualquer preço e se impor pela maledicência, certamente na expectativa de colher frutos junto dos que se comprazem no sistemático dizer mal, não importa se com consistentes razões.

Vai ficar tudo bem! Dizemo-lo, no vislumbre de que, repetindo-o, a ideia ganhe força e se transforme num invencível talismã.

Mas quando o “vai ficar tudo bem” se materializar, cumprir-nos-á lembrar com comoção, o elevado número de perdas, ainda assim verificado. E não silenciar a nossa gratidão, para os que abnegadamente nos deram o melhor de si: políticos, profissionais da saúde, bombeiros, auxiliares de instituições, cidadãos devotados à nossa sobrevivência e ao nosso bem estar.

E à determinação de salvar vidas.

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