Com certeza que ninguém estava à espera que fosse anunciado um programa de Festas idêntico àqueles que fizeram da Romaria da Senhora d’Agonia a mais bonita e participada romaria de Portugal. Se não há festejos em lado algum, ainda para mais a debatermo-nos com uma hipotética nova vaga pandémica, muito menos Viana os poderia ter. Daí a manifestação do bom senso no programa dado a conhecer, apesar de maior ousadia em relação ao que aconteceu em 2020.
É evidente que, apesar de persistirem imensas dúvidas sobre a pandemia com que continuamos a defrontarmo-nos, também deve ser reconhecido que estamos hoje mais bem preparados para enfrentar este inimigo quase invisível e ainda poderoso. Há um ano nem o uso da máscara imperava, havendo ainda o pânico do contágio indiscriminado, quando agora sabemos que não é tanto assim. Por outro lado, a vacinação dos portugueses (8,26 milhões de doses administradas; 3,21 milhões de pessoas totalmente vacinadas, 31,2%), tal como no resto da Europa, tem decorrido dentro da normalidade, talvez até acima das expectativas, pese o ceticismo de muitos, e isso será mais um fator propiciador de alguma tranquilidade nas pessoas.
Reiterando algo do que se fez no ano passado e que resultou bem, também se anunciam iniciativas com público, respeitando as regras estabelecidas pela Direção Geral de Saúde. É normal, porque isso já se vem fazendo em eventos realizados nos espaços municipais e outros, na apresentação de livros, abertura de exposições e até de espetáculos; e o resultado não tem merecido reparos, dada a eficácia e rigor nas medidas adotadas, o que igualmente demonstra que aprendemos em cada dia como agir em segurança.
Contudo, e aqui deve ficar o alerta, não bastam as regras a impor, apesar da importância destas. Mais importante que tudo é o comportamento de cada um de nós nas formas de estar e atuarmos em sociedade. Se cada um não assumir a responsabilidade a que moralmente está obrigado, não descurando a sua defesa nem a do seu semelhante, as normas estabelecidas podem bem ser insuficientes.
E não vale a pena ter a ambição de marcar presença em tudo. Pelo contrário, iniciativa que se apresente propiciadora de forte mobilização de público deve ser encarada como de risco e a merecer cautelas especiais. A Romaria será mais festiva se não contribuir em nada para agravar o número de infetados, que está de novo a ser suficientemente elevado no país.