A Igreja Católica Apostólica Romana, cuja religião sigo convictamente, atravessa uma fase de descrença e, até, de rejeição social como nunca se viu no passado. Esta alteração comportamental deve-se a múltiplos factores, em que se evidencia, sobremaneira, o porte censurável de muitos consagrados e religiosos, decorrente de práticas condenáveis de sexo com menores, que têm vindo a ser denunciadas por uma comunicação social sempre atenta. Para este ambiente de degradação tem contribuído, também, a aceitação, por muitos governos, de ideologias radicias que acabaram por se instalar na sociedade, com a obtenção de suporte legislativo.
Como se não bastassem já os crimes da pedofilia, a libertinagem sexual atingiu tal dislate dentro da Igreja Católica, que bispos belgas, alemães e de outras nacionalidades defendem a aceitação do casamento homossexual pela Igreja Católica, pressionando os órgãos da Santa Sé para que tal passe a ser uma prática corrente. Tal significa que as ideologias radicais corroeram muitos servidores desta Igreja, que traíram o juramento que prestaram perante Deus. Constituindo os casamentos homossexuais, pela lei civil, uma aberração, seriam uma ofensa imperdoável para Deus, caso fossem admitidos pela sua Igreja! E porquê? Porque nenhum ser humano dispõe de poder para alterar a ordem que Deus, Criador, estabeleceu para a humanidade. É contra a natureza. Coisa diferente é a Igreja aceitar um homossexual, na expectativa de que venha a mudar a sua forma de vida.
Deus criou a mulher para o homem e é nessa relação de amor e de entrega, pelo casamento, que os seres humanos são gerados. Não provêm de dois pais ou de duas mães, mas de um pai e uma mãe. Tudo o resto é repugnante e absurdo, ditado pelas ideologias modernas, que governos sem ética introduziram nos seus ordenamentos jurídicos, tornando-se prática comum sobretudo nesta Europa Ocidental decrépita e ateísta. Como se pode entender que um indivíduo trate outro do mesmo sexo por marido e este o trate por mulher? E por que se priva uma criança de ter um pai e uma mãe, obrigando-a a viver com dois alegados pais ou duas alegadas mães? Será isto civilizacional ou antes um retrocesso aos tempos de Sodoma e Gomorra?
O conhecimento público de perversões sexuais praticadas com menores, por alguns padres, bispos e, até, cardeais, envergonha os crentes e a Igreja Católica, que fica numa posição de extrema fragilidade, a que espíritos mais sensíveis não resistem, facilmente se deixando embalar pela descrença. Contudo, devemos saber que os padres e os bispos não são a Igreja Católica nem proprietários dela, porque esta Igreja foi fundada por Jesus Cristo, há mais de dois mil anos, sendo tão-somente servidores que decidiram, por votos sagrados, difundir a sua mensagem universal e cumprir a sua doutrina. E é por isso que, lamentando, embora, todas estas desgraças que corroem a Igreja na sua hierarquia, os católicos não devem desanimar perante os maus exemplos nem deixarem a sua fé estremecer.
A Igreja Católica defende valores fundamentais para o ser humano, como é o caso da família. E para que esses valores progridam e se afirmem, a sociedade precisa de vozes sem medo, dentro e fora da esfera da Igreja, que tragam esta temática para o âmbito da política, porque está em causa a nossa civilização e a nossa identidade, com um nome, um apelido e um género. Não somos consumidores e números. Somos pessoas.
Os partidos políticos de centro e direita estão mais vocacionados para a defesa e transmissão destes valores, tão estigmatizados por uma esquerda radical. E é por esta razão que expresso a minha grande admiração pela recém-eleita Primeira-Ministra de Itália, Giorgia Meloni, que, sem medos nem complexos, proclama o direito de se exprimir com o seu nome, como mulher, como italiana, como cristã e como mãe, sublinhando a importância na sociedade dos valores da família e suas raízes.
Porque será que o Directório desta Europa ateísta expressou tanta preocupação pela vitória eleitoral de Giorgia Meloni? Por se borrifar para o politicamente correcto? Por defender uma sociedade com valores? Por rejeitar ser um número sem identidade à mercê de especuladores financeiros? Por rejeitar radicalismos? Por ser uma mulher católica? Sim, talvez por tudo isso e porque defende o valor do ser humano que, segundo as suas oportunas palavras, nasce com um código genético único e sagrado que não pode ser reproduzido. Alegra-me que noutros países o centro e direita estejam também em crescimento para que os valores da ética e da moral voltem a ocupar o espaço que lhes pertence.
Os escândalos sexuais entre servidores da Igreja Católica um pouco por todo o mundo e, sobretudo, dentro da sua hierarquia, evidenciam a existência de um lobby demoníaco que corrói as consciências, justificando uma catarse. Deus não dorme e colocou à frente da Sua Igreja o Papa Francisco, um jesuíta sem medo, que, contra tudo e contra todos, está a levar a efeito uma higienização sem precedentes, afastando do seio da Igreja e deixando ao critério da Justiça civil aqueles que cederam e reincidiram na traição ao seu fundador, Jesus Cristo.
Os sinos tocam a rebate nesta Igreja que sangra e sofre, mas a força que vem da fé de cada um tem de prevalecer sobre os maus exemplos para tornar a todos mais fortes. É lícito que possamos criticar; porém, não temos procuração de Deus para condenar ninguém. Resta-nos confiar no nosso Criador.