Todos, todos, todos!

Author picture

Eu estive lá, nos dias 4, 5 e 6 de agosto de 2023, quero dizer, participei com mais dois familiares (femininos) e mais uma amiga da família, todas septuagenárias, mas eu acima da comitiva, porque, com todo o gosto e honra, sou um octogenário! Um velho, portanto? Claro que sim, sem qualquer disfarce.

      No regresso, no comboio, dei comigo a pensar que, também com toda a certeza, nunca na minha vida tinha andado e estado, durante os três dias, tanto a pé e de pé e, horror dos horrores, debaixo dum calor infernal, que chegou a atingir cerca de 40 graus centígrados (segundo as notícias públicas e o meu inteligente relógio). É verdade, nunca na minha vida…nem mesmo nos 3 anos e 3 meses de serviço militar, em finais da década de sessenta e alguns meses mais na seguinte. (Não estive na guerra colonial, diga-se).

      Sinceramente, não sei o que me passou pela cabeça, para ter tomado, junto com a minha mulher, essa decisão de arriscar a saúde, atendendo ao que é normal na minha idade: tensão arterial, colesterol, diabetes, e tudo isso num ambiente de calor excessivo e os longos percursos obrigatoriamente pedestres. Talvez um sentimento fortíssimo de nostalgia … juventude lá longe, a energia e a alegria dessa idade, mas também o brio de um velho, velho mesmo, mas ainda não trôpego! (E chega de falar de mim próprio, pois não pretendo ser exemplo para ninguém. Apenas o faço como introdução desta crónica, a qual relata, em poucas palavras, uma experiência maravilhosa).

      “Não tenhas medo, não tenhais medo, não tenhamos medo”. E este pensamento, ao mesmo tempo simples e comovente – “No tengas miedo” – foi, repetidas vezes, sublinhado em espanhol – a sua língua materna – pelo Papa Francisco e vibrantemente aclamado por muito mais que um milhão de jovens (e pouquíssimos octogenários, numa avaliação não muito precisa) na língua de cada presente. Já estávamos quase no fim da grande festa, deste encontro fortemente emocionante, quando o pano estava prestes a fechar-se, vibrantemente, às Jornadas Mundiais da Juventude – 2023, realizadas em Lisboa, em Portugal, na Europa, no Mundo!

      E nada melhor que a declaração solene do Papa Francisco, na linha da mais pura doutrina de Jesus Cristo: a Igreja é para todos, todos, todos. Esta Igreja Cristã, ou seja, na mensagem nova e revolucionária de Jesus Cristo, não pode ser senão para todos, pelo que é preciso – conforme sublinha o Papa Francisco – deixar as portas abertas das Igrejas e das sacristias. Acolher todos é o grande incentivo destas Jornadas Mundiais da Juventude. Por si só é um programa hercúleo e na linha mais autêntica da mensagem de Jesus Cristo: amor, humildade, tolerância. No entanto, o que se ouve mais, já no rescaldo desses dias fantásticos, é isto: e as reformas necessárias para renovar a Igreja Católica? Quando serão feitas? Ou agora ou, com adiamentos, tudo se poderá complicar perante o comportamento negativista duns tantos opositores à renovação, à “descoberta de novas realidades” – uma curiosa frase estampada na “t-shirt” de uma jovem escuteira portuguesa.

      Têm aparecido várias opiniões de pessoas de todos os quadrantes, religiosos ou ateístas, políticos, de vários partidos, distinta gente, mas todos reconhecendo a figura ímpar do Papa Francisco. Com os defeitos próprios de todo e qualquer ser humano, o Papa Francisco, entre os 7 Papas que eu e os meus contemporâneos conhecemos, foi o que melhor se fez entender, o mais corajoso de todos e o que mais esperança nos trouxe. 

      Destaco o artigo “As Lições do Papa”, de Francisco Moita Flores no blogue @abc22. Apelo à leitura da opinião de um “laico” – segundo o próprio. É um artigo excelente.

      A net e as redes sociais transcreveram, ainda antes do início das Jornadas Mundiais da Juventude, uma opinião do grande cantor inglês Elton John (a propósito, recordo a sua atuação no Festival de Vilar de Mouros, em agosto de 1971, há 52 anos). Não resisto à transcrição: “O Papa Francisco é para a Igreja Católica a melhor notícia dos últimos vários séculos. Este homem, sozinho, foi capaz de reaproximar as pessoas dos ensinamentos de Cristo (…). Os não católicos, como eu, se levantam para aplaudir de pé a humildade de cada um dos seus gestos”, porque “Francisco é um milagre da humildade na era da vaidade”  

      A Igreja está aberta a todos, inclusivé aos que se intitulam de “católicos de verdade”, que, nos blogues e noutros meios de comunicação, destilam um abundante rasto de despeito pelo Papa Francisco. (Consultem o YOU TUBE). Eu cumpri o meu objetivo de manifestar o apoio ao Papa Francisco. E espero ter oportunidade de o fazer mais vezes

Outras Opiniões

Os leitores são a força e a vida do nosso jornal Assine A Aurora do Lima

O contributo da A Aurora do Lima para a vida democrática e cívica da região reside na força da relação com os seus leitores.

Item adicionado ao carrinho.
0 itens - 0.00

Ainda não é assinante?

Ao tornar-se assinante está a fortalecer a imprensa regional, garantindo a sua
independência.