É consabido que mais importante que trabalhar muito é trabalhar bem. E o bem, neste contexto, significa organizadamente, com método e com sentido. Um trabalho executado de forma exaustiva e em desordem pode ser menos produtivo do que aquele que, menos fatigante, teve a vantagem de ser previamente estudado.
Quando se afirma que não somos aqui o mesmo povo que somos no estrangeiro, porque mais produtivo fora do que em Portugal, não julgamos bem. Somos na verdade a mesma gente, só que a operar em conjunturas diferentes. Qualquer trabalhador, mesmo que indiferenciado, inserido numa atividade organizada, não tem formas de inverter cadeias e obstar a produção. O contrário acontece a trabalhadores qualificados e briosos a operar em contexto desorganizado, já que dificilmente conseguem impor bom ritmo laboral.
Mais nociva ainda é a desorganização em trabalhos diferenciados mas com interdependência. Nenhuma organização, seja ela empresa, instituição ou estado, atinge valores de boa eficácia sem interligar adequadamente as tarefas a executar. Os ENVC eram exemplo no trabalho bem planificado, porque nunca falhavam no cumprimento dos prazos das encomendas contratualmente acordadas, algo complexo e de difícil observância, já que o circuito de construção de um navio passa por uma rede complexa de serviços, atividades e pessoas com técnicas diferenciadas, mas onde a interação figura como exigência superior.
O oposto vê-se, por exemplo, nos trabalhos de limpeza ou execução de obras levados a cabo pelos serviços municipais na nossa cidade. Na limpeza, de noite ou de dia cortam-se ervas, juntam-se detritos de diversa ordem, por vezes amontoam-se, outras nem isso, e deixa-se ficar para que alguém os venha recolher. Como a recolha só se faz decorridos vários dias, quando a operação se realiza já não há lixo a remover porque este já foi levado pelo vento, com todas as consequências daí inerentes.
Na execução de obras acontece a prática da delonga. Quantas vezes observamos uma obra que se inicia, com perturbações de trânsito e incómodos de outra ordem, castigando duramente os cidadãos, que por falta de planeamento consome tempo que nunca deveria consumir. Dá que pensar constatar progressos em muitas práticas e observar situações onde teimamos em regredir. Assim, dificilmente nos juntamos aos primeiros. É pena porque temos condições para ser melhores.