Foi tipógrafo, mas também jornalista e, como operário, militante convicto. Paulo Torres Bento, que o estudou com profundidade, recorrendo a todas as fontes que o referem para o biografar em livro, considera que foi um dos grandes nomes do sindicalismo revolucionário português da primeira metade do século XX, atravessando os anos conturbados da Primeira República. Fundou e dirigiu importantes jornais, sendo de referir, “A Greve, O sindicalista, O Movimento Operário e a Batalha”. O historiador César de Oliveira considerou-o um dos maiores jornalistas operários da imprensa operária produzida.
Esta obra, da “Edições Afrontamento”, que tivemos o prazer de receber, obrigou o autor Paulo Bento a calcorrear os caminhos por que se movimentou Alexandre Vieira, que começou no Porto (com dúvidas para alguns), fez a infância em Viana do Castelo e, entre esta cidade e Caminha, fez-se tipógrafo, jornalista, diretor do Jornal “O lutador” e secretário-geral da “Federação das Associações Operárias”. Não se quedou pelo Norte, tendo rumado para Lisboa aos 21 anos de idade, não escapando ao exílio para França, que lhe custou cinco anos, depois de ter participar no IV “Congresso da Internacional Sindical Vermelha”, realizado na URSS.
Vieira teve um percurso apaixonante, depois de se iniciar como aprendiz de tipógrafo na muito falada Tipografia de “André José Pereira e Filho”, em frente à Matriz, onde se imprimiram destacados periódicos vianense, como o “Vida Nova” (1892/94), “O Povo” (1908) e a “Folha de Viana” (1912). De referir que Vieira chegou a corresponder-se com Bernardo Silva, o Administrador e Diretor da “A Aurora do Lima”, com quem se tinha iniciado na arte tipográfica.
Estamos perante uma obra interessante, que estuda um homem com um percurso apaixonante. Alexandre Vieira merecia este trabalho que agora o Paulo Torres Bento teve a coragem de produzir e as Edições “Afrontamento” não se recusaram a editar