Reza a velha história, que certo homem, nada caritativo, sonhou que tinha chegado ao Terceiro Céu e foi recebido pelo São Pedro, que lhe mostrou duas portas, e lhe disse, abre-as e escolhe a que melhor te convém, mas lembra-te de teus pecados e omissões.
O pobre homem, a tremer, como petiz aguardando castigo, abeirou-se de uma e abriu-a receoso. E o que viu?
Uma extensa mesa com enorme travessa, no meio, repleta de comida exposta, rodeavam-na homens e mulheres lívidos, cadavéricos, blasfemando nervosamente. Cada um possuía talheres colossais.
Enchiam sofregamente os garfos, mas, devido ao seu tamanho, não conseguiam meter a comida na boca. Bem desejavam alimentarem-se com o auxílio das mãos, mas não lhes era permitido.
Fechou a porta horrorizado e pensou ser o inferno. Virou-se, então, para a outra porta, um pouco mais estreita e baixa, abrindo-a a medo.
O que viu nessa sala?
Mesa igualíssima à anterior, com travessa semelhante à outra, repleta de magnífica comida. Todos os talheres eram do mesmo tamanho dos que tentavam desesperadamente comer na sala anterior, só havia uma diferença: estavam felizes, de faces sadias e entoavam hinos de louvor. Em lugar de tentarem alimentar-se com os talheres, davam de comer uns aos outros.
Esta parábola ensina-nos que ninguém é feliz sendo egoísta, mas só repartindo e dando de comer e vestir o próximo.
E quem são os próximos?
São os nossos semelhantes, principalmente os familiares, os que convivem connosco, que, quantas vezes, são os mais esquecidos.
O mundo seria certamente mais feliz se todos distribuíssem, não digo o que lhes faz falta – como a viúva do templo – mas o que lhes sobeja
Porque a maior felicidade é dar, mais do que receber. Deus não deixará de recompensar, no futuro e no presente.