Alguém terá afirmado que “abrir uma Escola é fechar uma Cadeia”.
Ouvindo ou lendo tal asserto, não me foi difícil apreender o conteúdo ideológico da mensagem nele contida. Ali, afirma-se entrelinhas que Escola e Cadeia estão de certa forma interligadas: de tal modo que Aquela pode e deve contribuir para a diminuição desta, ao menos em número…
Perante tão candente e curioso tema, ainda actual, eu (pensador de treino e gosto) concentrei-me, a reflectir sobre a possível Verdade do citado asserto e pensei então: a ESCOLA pode e deve ser “sementeira” de Conhecimentos, Sentimentos, Deveres cívico-comportamentais, já que nela radicam e se alimentam Bens e Males da nossa Sociedade, os quais, no referente aos segundos, podem vir a desembocar no Crime e na Prisão…
Sendo assim, a Escola deverá funcionar como uma espécie de “vacina”, mediante Conhecimentos, Sentimentos, Valores, Comportamentos, ali ministrados e praticados como regra de conduta… Isto desde a Primária, passando pela Secundária, até à Superiora… Se a “semente” for boa, se os “semeadores” forem competentes e cônscios das suas dignidade e responsabilidade, oh! bendita e benemérita Sementeira-Escola…! Sociedade melhor! Cadeias fechadas…!
Voltemos então ao título desta crónica interrogando-nos: Verdade absoluta!? Quanto a mim, prefiro ver ali uma grande Verdade mas não absoluta, dados outros ponderáveis: Família, Religião, Política, Meio-ambiente, etc…
Interroguemo-nos agora se, na História da Educação portuguesa, as coisas terão rolado sempre em bons carretos e trilhos… A resposta deste humilde cronista será “não”. Afirmo-o enquanto veterano em idade, aprendizagem e ensino. Nonagenário já, fui aluno com proveito (Primária, Secundária , Superior), leccionei (sem faltas injustificadas nem greves) na Secundária (do 6.º ao 12.º), no ensino diurno e nocturno, no público e no particular, antes e após a “revolução de Abril-1974“. Afirmo-o com conhecimento de cause: se, antes, muita coisa estava mal (analfabetismo enorme, falta de escolas, etc.), a dita “revolução dos cravos“ trouxe, a par de benefícios indesmentíveis, anarquias, oportunismos, saneamentos selvagens e injustos de pessoas válidas, chefias improvisadas ao sabor de compadrios, passagens de alunos administrativas, indisciplina e rebeldia, programações de estudo ao sabor da conveniências ideológicas, etc.
Democratização do Ensino redundou em deplorável desorientação de Professores e Alunos…! Da situação actual, abstenho-me de comentar, já que superabundam comentadores para todos os gostos, que se contradizem uns aos outros…
Sei, por experiência, quanto é difícil, mas também dignificante e louvável ser Agente numa Escola! Esta é um campo-aberto a boa ou má semente, a bons ou maus semeadores, a campo-de-treino para candidatos a Cidadãos dignos deste nome, a futuros responsáveis-guias de uma Sociedade em que todos se sintam e gostem de viver como filhos de Mãe-comum.
Pela História e Vivência, sou obrigado a reconhecer que a nossa Escola nem sempre foi, nem é, sem defeitos mais ou menos deploráveis, mas sempre susceptíveis de melhorias, se o Estado, Famílias, Professores, Alunos e outros Agentes se decidirem a dar-as-mãos, para que a Escola que se abre contribua, de facto, para ser fechada uma Cadeia…! Portugueses: mãos à obra!!!
Foto: Né Basto