Não imaginas, minha antiga rua, onde de pequeno gozava o Jardim que tinhas, não de lindas flores, mas sim de ervas bravas que nasciam por entre o pavimento, o sol que te visitava, mas que depressa de ti fugia. Como te lembro com saudade. Agora passo por ti e fico triste, pois reparo que em vez de te darem «asas» a que mais airosa pudesses ficar, estão-te pondo mais viela do que antes, devido às novas construções que, à tua entrada (lado do Largo S. Domingos), estão levando a «cabo». Foi embora o Prédio Coutinho, porque ficava mal à cidade e agora constroem-se outros mamarrachos que muito bem ficam à cidade!
O prédio onde funcionou o Moinho, pertença da família «Zé da Rita» e, mais tarde, a casa de pasto «O Moinho» – ali existia um painel na parede todo trabalhado com pedaços de vidro, obra de Vitor Manuel Sousa (já falecido), e que a imagem nos mostra, foi eliminado – está levando alteração na sua estrutura, o que, sem dúvida alguma, se torna feio à vista de quem o contempla. Pena é que, minha saudosa rua, em vez de te darem mais luz, te ponham, cada vez mais, emparedada, sem sol e sem alegria.
Custa-me ler o painel que diz «Estamos a reabilitar Viana» quando, na verdade, fica a ideia de que em vez de reabilitar, devia ler-se: entristecer mais a VIELA DA ÁGUA.
Consta que todas as «vielas» da cidade – e são bastantes – se vão manifestar, protestando por tal obra e convidando todos a que se dignem apreciar estas de agora construções modernas.
Otelo Sousa