Sempre que há uma revolução ou mudança de regime, parte dos cidadãos aproveita a oportunidade de ascender socialmente ou ocupar cargos bem remunerados. O povo chama-os de vira casacas. E não escassearam ao longo da História. Mas, o que poucos sabem é quem foi Manuel Carlos, Duque de Sabóia, que ficou conhecido como Vira-Casacas. Na guerra entre Espanha e a França, esse titular, umas vezes apoiava a Espanha, outras vezes – consoante o interesse de ocasião – a França. Para economizar na farda, mandou-a confecionar com duas faces: de um lado branca, da outra vermelha. Se defendia a França, vestia o lado branco, se dava razão a Espanha, vesti-a do lado vermelho. Daqui nasceu a expressão “É um vira-casacas”. Viram a casaca muitos intelectuais, na ânsia de receberem benesses; alguns meios de comunicação, na esperança de receberem subsídios; e simples empregados, para subirem na hierarquia da empresa. Há, também, quem vire a casaca por medo ou receio de perder emprego ou cargo de chefia. Esses pobres diabos merecem a nossa piedade. Compreendemos perfeitamente esse receio, porque, infelizmente, é frequente os “saneamentos” em quase todos os países. “Sanear”, é a habilidade política de retirar o trabalhador do cargo que ocupa para dá-lo a familiar, amigo ou camarada de partido. Se não tiver competência, o remédio é colocar adjunto para executar a tarefa. É, foi, e será sempre assim.
Humberto P. da Silva