Domingo haverá eleições. Será neste ato eleitoral que os portugueses dirão de sua razão em relação ao futuro próximo que pretendem: uma política de continuidade ou uma inversão do rumo que vem sendo seguido; se há desencanto, porque é legítima a aspiração de uma governação mais afirmativa e aproximada dos níveis médios da Europa ou se, dadas as condicionantes com que o país e o mundo se defrontam, não há pretensão de aspirar a melhor.
Quanto a nós, é lógico que um povo jamais deve ser acomodado, antes determinado e combativo no objetivo de construir uma sociedade produtiva e de grandeza em valores humanos, sociais, culturais e outros. Porém, a questão que se coloca hoje é a que sempre se colocou em eleições anteriores: escolher os melhores para nos governar.
Tivemos debates suficientes e variados, tocando aspetos interessantes que têm a ver com a nossa qualidade de vida. Talvez nunca se tivesse ido tão longe nesta prática de debater o país com todos os que pretendem ser poder ou influenciá-lo. E isso foi satisfatório para nos ajudar nas escolhas a fazer, mas há questões que ficaram de fora. E, nestas, entra o nosso envelhecimento demográfico, consequência de uma natalidade insuficiente, que nem o incentivo à imigração vai resolver. A curto prazo, seremos um Portugal mais envelhecido, pouco produtivo e com avultados custos financeiros. No entanto, continuamos a não querer enfrentar este dilema, que já tem décadas de agravamento, expectantes em que a divina providência nos ajudará a ultrapassá-lo. Não é um problema só nosso, também o é de praticamente toda a Europa em que nos inserimos. Contudo, mesmo neste continente, estamos pessimamente posicionados. E o pior é que, tal como a questão ambiental, constitui um assunto de tal ordem sério, que, por falta de soluções de curto prazo, nos coloca em situação de com ele não sabermos lidar.
Adiemos, porque o momento é mesmo o de escolher quem nos governe e nos dê a esperança de que um dia haveremos de saber abraçar o progresso, construindo uma nação onde haja condições de vida mínimas para sentir que vale a pena viver e ter a esperança de que o futuro será melhor, particularmente para quem nos suceder. Pelo menos, ativos, acalentemos essa esperança, que também passa pela participação no ato eleitoral a realizar no fim de semana. A nossa presença, viva e marcante, nas assembleias de voto será o melhor registo de que não viramos as costas ao Portugal que nos pertence.