Figuras da nossa terra: Frederico Pinheiro

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Viana do Castelo ainda hoje se recorda do “campeão”, Frederico Pinheiro, bancário ligado ao Banco Nacional Ultramarino, onde com ele privei profissionalmente, amizade que consolidei muito para além do gosto pelo desporto, que ambos partilhávamos.

Frederico Pinheiro, com a “escola” de Almada, donde era natural, e já com fama de eclético desportista, trouxe para Viana do Castelo, depois de passar por Leiria, esse hábito enraizado de se dedicar a qualquer modalidade, fosse ela qual fosse. Mas foi na natação que mais se distinguiu! Não tanto pela sua prática, mas pela dedicação com que se entregou como monitor da escola de natação do S.C. Vianense, fazendo equipa com Joaquim Baptista Alves (ambos perpetuados nas nossas piscinas municipais), Amadeu Costa, dr. Ribeiro da Silva e outros mais na “piscina” que dava pelo nome de doca comercial! Não haverá jovem vianense dos anos 40/50, que por lá não tivesse passado. E alguns campeões lá se fizeram!

Mas foi no futebol que mais colaborou, dedicando-se com inusitado entusiasmo, já sexagenário, ao Grupo Desportivo do BNU, sempre na linha da frente, dando-se ao jogo com a dedicação dum autêntico jovem.

De tal forma e tão intensamente que, por vezes, tornava-se problema evitar a sua inclusão na equipa para salvaguarda da sua saúde. Era constante a sua disponibilidade!
A verdade era que o nosso atleta Pinheiro, pese a sua idade, era dos que não abdicava da sua presença na equipa fossem quais fossem as condições a enfrentar.

Chamemos à colação dois ou três episódios que ilustram na perfeição o que afirmamos: um dia, em V. N. Famalicão, fomos disputar um jogo com os colegas locais, numa tarde de sábado com temporal desabrido. Pois o nosso amigo Pinheiro foi o primeiro a equipar-se; fiz-lhe ver que as condições atmosféricas não eram as mais propícias para a prática do futebol e muito menos para indivíduos da sua idade. Resposta pronta: “qual quê! Com este tempo e terreno pesado, é que eu gosto de jogar.” Num outro jogo, em Guimarães, fazia um calor tórrido e, ainda aí, de novo lhe fiz sentir que seria mais prudente ficar a suplente, pois um calor daqueles sobre o esforço dum coração de sessenta e muitos anos, podia ser perigoso. De novo o “velho” Pinheiro retorquiu: “Qual quê! Com este tempo é que eu gosto de jogar”.

Por estas respostas fácil concluímos que o Pinheiro jogava sempre com quaisquer condições!

Para ilustrar ainda mais a sua têmpera de desportista, dum homem de vontade férrea, todo devotado ao desporto, acrescentarei que, quando da sua aposentação, organizamos-lhe uma pequena festa que incluía um torneio de futebol, disputado debaixo de muito mau tempo, pois tratava-se de rigoroso inverno (janeiro de 1971). Colegas houve que em breve saiam do jogo exaustos com o esforço despendido, pois o nosso Pinheiro, como era de esperar, manteve-se em campo até ao fim, e à noite aí estava ele a presidir ao jantar que lhe dedicamos.

Um homem bom, desportista dedicado, atleta sempre jovem, que recordamos com saudade.

Amândio Passos Silva

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