Não gosto da sensação quente das lágrimas.
Não me acalma.
Quando me sinto à beira do desespero, o meu sangue estremece, a garganta fecha-se e começa a subir-me aos olhos, aquela onda pesada de água.
Deixo de ver claro. As lágrimas em onda, fazem uma barreira que impede o meu choro.
Uma névoa grossa, que me paralisa o corpo, no limite da sufocação.
As lágrimas começam a libertar-se, devagar, uma a uma.
Como que caio, em câmara lenta sobre a espiral da minha tristeza.
Perco todos os sentidos. Parece-me que posso partir assim, afogada num mar de lágrimas invisíveis, num segredo, sem exposição.
Diamantes de lume, que aquecem a pele e a arrefecem o espírito.
FCF – Filomena Costa Freitas