Simpática quanto baste, tal como tantos outros assinantes desta vetusta Aurora, aproveitou uma visita que nos fez para, em tom muito familiar, passar em revista boa parte do seu percurso de vida que, como se costuma dizer, dava um grande livro. Já a conhecíamos da rua, porque se, por distração ou qualquer outra razão não nos lembrarmos dela, a sua presença faz-se sentir. Ninguém lhe escapa. Na sua condição de professora construiu a partir da escola um viveiro de amizades. Se lhe falarmos de alguém, ela logo se lembra ou de que foi seu aluno(a) ou de que é familiar de tal.
Amigos tem-nos por toda a parte, simplesmente porque gosta de fazer e cultivar amizades. A ilustrar esta característica, conta-nos o que recentemente lhe aconteceu. O pai foi militar de carreira e fez Comissões de Serviço na Guerra Colonial. E uma das suas principais características era também estabelecer bom relacionamento com todos. Com esta prática tinha em cada militar, independentemente da patente, um amigo que se estimava. Através de um livro que foi editado referente a uma Missão de Serviço, a Margarida descobriu que um dos batalhões comandados pelo seu pai reunia em cada ano num almoço de confraternização. Contactado o responsável para saber pormenores do encontro, logo este a convidou a estar presente no próximo que se realizaria em Coimbra. Não viria o pai há muito tempo falecido, mas a filha o representaria. E assim aconteceu, proporcionando-lhe um convívio que considerou inesquecível, até porque sentiu o quanto aquela gente estimava o seu comandante, que segundo os ex-militares brilhava pelo espírito de camaradagem que sabia cultivar. E agora perguntamos nós: quem era capaz de tal? Já são poucos os militares com disposição para encontros, quanto mais a filha de um ex-comandante do batalhão!
Esta será talvez a mais tocante “estória” que nos contou, mas muitas outras curiosas e de cunho muito particular nos deu a conhecer. Mas é assunto para outra ocasião. Não podíamos deixar de perguntar à Margarida há quanto tempo assina o nosso jornal.” Não sei, mas sei que desde que comecei a ter sentido das coisas, sempre o vi lá em casa”. Pois, longas décadas. É isto que nos incentiva a fazê-lo cada vez melhor e mais desejado.